[Reflexão] Porque não queimamos coisas quando Jesus é ridicularizado?

por Mike Lee

“Falava ele ainda, e eis que chegou Judas, um dos doze, e, com ele grande turba com espadas e porretes, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo. Ora, o traidor lhes tinha dado este sinal: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, lhe disse: Salve, Mestre! E o beijou. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles, deitaram as mãos em Jesus e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, sacou da espada e, golpeando o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe a orelha. Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada à espada perecerão. Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?” (Mateus 26.47 – 54)

Assista TV e você verá o Nome de Deus Pai e Deus Filho sendo ridicularizado, usado em vão, para amaldiçoar, e de muitos outros jeitos que negam a santidade, beleza, majestade, poder, glória, e a maravilha que Ele é. Assista filmes e ouça música e você vai encontrar a mesma coisa. De fato, vá ao supermercado e você irá ouvir os mesmos abusos em relação à beleza do Nome do nosso Salvador. E ainda assim, exceto boicotar alguns produtos, escrever cartas/emails, telefonar para estações de TV ou enviar petições, você realmente não verá qualquer outra demonstração visível da indignação do cristãos.

Além disso, pelo mundo afora, vemos pessoas iradas fazendo todo tipo de mal por causa da difamação do nome do profeta deles. Qual é a diferença? Por que os cristãos não queimam coisas quando Jesus é ridicularizado? Apenas algumas reflexões…

1. Está chegando o dia em que Jesus voltará e todos aqueles que eram escarnecedores do Seu nome irão se dobrar perante o Seu nome e confessar que Ele é o Senhor. Há uma perspectiva na qual eu não preciso defender o nome de Jesus. Ele é bem capaz de se autodefender, obrigado. E naquele dia, quando toda língua confessar que Jesus é o Senhor para glória de Deus Pai, os escarnecedores serão envergonhados pela eternidade. Eu posso ficar com raiva por um dia. A ira de Deus será derramada por toda a eternidade.

2. Quando o Nome de Jesus é ridicularizado, todo cristão deve se lembrar de que ele também já ridicularizou Jesus uma vez. Nós eramos todos, por natureza, filhos da ira totalmente merecedores da ira de Deus. E, mesmo assim, Deus nos mostrou misericórdia e graça por meio de Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Apesar de totalmente responsáveis por nossas ações, estávamos agindo na ignorância de acordo com a nossa natureza. Mas, quando Deus disse, “haja luz” em nossos corações, nós vimos, pela primeira vez, a glória de Deus na face de Jesus Cristo. Então, nós vimos nosso pecado pelo que ele era e a beleza de Cristo pelo que Ele é, e nos arrependemos e confiamos no trabalho consumado de Jesus para nos salvar. Então, ao invés de queimarmos coisas quando outros ridicularizam Jesus, nós mostramos paciência, sabendo que o Salvador foi paciente conosco.

3. O que nos leva à obra que devemos realizar agora. Ao invés de queimarmos coisas, nós advertimos e imploramos àqueles que ridicularizam o Salvador que se arrependam de seus pecados e se voltem para Cristo. Se nós verdadeiramente amamos Cristo, vamos amar falar sobre Ele para pecadores, os quais Ele veio salvar. Porque nossa dívida gigantesca foi perdoada, nós iremos desejar que outros saibam da beleza de Sua graça derramada sobre pecadores. Nós vamos avisar a esses zombadores sobre o fogo do inferno que nunca terá fim. A obra que realizamos não é para defender a honra de Seu Nome e sim para proclamar Seu Nome, buscando a reconciliação entre Deus e os homens por meio da pregação do evangelho.

4. Tudo isso nos faz lembrar que Jesus é o Senhor vivo e ressurreto. Jesus continua trabalhando até hoje, neste exato momento. O Espírito Santo está trabalhando através de nós quando glorificamos Jesus, que ressurgiu dos mortos. Nós temos uma história para contar. Jesus está voltando e irá endireitar todas as coisas. Não temos que defender a honra de um homem morto… ele está vivo!

Eu oro para que aqueles que sentem que precisam defender o nome e a honra de um homem morto vejam a glória do Senhor vivo e verdadeiro que traçou o caminho para escapar da ira de Deus por meio de Sua morte e ressurreição. Vamos orar para que os olhos cegos deles se abram para o Único que é o Caminho, a Verdade, e a Vida que é o único caminho para o verdadeiro Pai de tudo.

Traduzido por Fernanda Vilela | iPródigo.com | Original aqui

[Curiosidade] A Batalha das Cosmovisões: Dualismo e Teísmo em Tolkien e Lewis

por Michael J. Kruger

Todo mundo tem uma cosmovisão.  E toda cosmovisão deve lidar um uma questão principal: as origens do bem e do mal.  Essa é a questão permanente de nossa existência e ninguém pode escapar dela.  Mesmo cosmovisões fictícias precisam prestar contas pelo bem e pelo mal (se elas pretendem fazer algum sentido).

Uma possibilidade é sugerir que não existe algo como bem e mal.  Na cosmovisão materialista-evolucionária, em que não há nada senão matéria em movimento, conceitos como “bem” e “mal” são meramente construções humanas.   Mas uma cosmovisão assim leva diretamente ao Niilismo.  Somos forçados a defender que as ações de pessoas como Jerry Sandusky não são realmente “erradas” em qualquer sentido objetivo.  Em um universo materialista, as ações não são morais ou imorais.  Elas apenas são.

É claro, poucas pessoas andariam dispostamente por um caminho niilista como esse.  Além disso, muitos poucos escritores de ficção o fariam também.  Se você perceber, quase toda cosmovisão fictícia pressupõe que bem e mal são não apenas reais, mas também identificáveis.  De outra forma, não haveria algo como os “mocinhos”.

Outra explicação popular para a origem do bem e do mal é o que podemos chamar de cosmovisão “dualística”.  O dualismo sugere que bem e mal são forçar iguais e últimas no universo, que estão lutando pela supremacia.   As duas forças existem desde o princípio, e nenhuma começou primeiro.  A saga de ficção Star Wars está bem próxima de uma cosmovisão dualista.  O universo é composto de um lado bom da Força e um lado mau da Força, cada um batalhando para vencer o outro.

Porém, o dualismo não resolve bem o problema.  Tudo bem sugerir que bem e mal têm existido desde o príncípio, mas por que deveríamos chamar uma dessas forças de “bem” e a outra de “mal”?  Não pode ser simplesmente porque preferimos uma à outra – nossas preferências pessoas não tornam algo em bom ou ruim.  A fim de dizer que uma força é boa e outra é má, devemos comparar essas forças com algum padrão maior, mais elevado.  Lewis argumenta:

Se os dois poderes são julgados por esse padrão, então o próprio padrão ou o Ser que o criou está além e acima de qualquer um dos poderes. É ele o Deus verdadeiro. Na realidade, quando dizemos que um poder é bom e o outro é mau, entendemos que um está em relação harmoniosa com o Deus verdadeiro e supremo, e o outro, não. (Cristianismo Puro e Simples, p.21)

 Em contraste ao materialismo e ao dualismo, o teísmo cristão vem defendendo que Deus originalmente fez o mundo bom e que o mal é a corrupção e distorção subsequentes de algo bom.  Novamente, Lewis esclarece:

 A bondade, por assim dizer, é ela mesma, ao passo que a maldade é apenas o Bem pervertido.  E, para que haja uma perversão, é preciso que antes haja uma perfeição… . . Você começa a perceber agora por que o cristianismo sempre disse que o diabo é um anjo caído?  Isto não é apenas uma historieta para crianças. É o reconhecimento real do fato de que o Mal é um parasita, não um ente original. (Cristianismo Puro e Simples, p.22)

 O que é particularmente digno de nota é que quando Lewis e Tolkien desenvolveram suas cosmovisões fictícias – os mundos de Nárnia e da Terra Média – eles os basearam não no materialismo ou no dualismo, mas no teísmo cristão.  Eles são mundos de ficção que começaram completamente bons e, então, foram posteriormente corrompidos pelo mal.

Isso é particularmente evidente em O Senhor dos Anéis.  Ilúvatar criou todas as coisas boas (ele até criou com palavras, a saber com uma música).  Porém, houve rebelião e corrupção subsequente.  E assim, todas as coisas más, se voltarmos longe o bastante, foram uma vez coisas boas.  Os orcs eram originalmente elfos, que foram distorcidos e corrompidos.  Os Espectros do Anel foram homens, reis da antiguidade.   Mesmo o próprio Sauron já foi bom, antes de tornar-se um servo maligno de Melkor.

O exemplo emblemático de criaturas começando boas e tornando-se más é Gollum.  Anteriormente parte do povo do rio, que é semelhante aos hobbits, Smeagol foi enganado pelo anel e lentamente foi transformado em uma versão distorcida e horrenda de seu antigo eu.   Ele passou a odiar todas as coisas belas e desceu para a escuridão e solidão.

E aqui está a grande ideia.  Sem uma cosmovisão teísta cristã oferecendo a fundação para suas histórias de ficção, as amadas obras de Lewis e Tolkien careceriam do que as torna tão comoventes: o triunfo do bem sobre o mal.  Esse triunfo somente faz sentido se realmente houver bem e mal, e você puder identificar qual é qual.

Por esse motivo, seria possível argumentar que toda história que tem o tema do bem triunfando sobre o mal está, na realidade, pressupondo uma cosmovisão cristã – quer estejam cientes disso ou não.  Essas histórias são reflexos nebulosos da única e verdadeira história arquetípica, um Deus bom redimindo um mundo caído por meio de Jesus Cristo.

Traduzido por Josaías Jr | iPródigo.com | Original aqui